Entrevista de José H. Pimpão a José Hermínio para o Diário Insular

sábado, 16 de fevereiro de 2013 0 comentários


O PASTOR J. HERMÍNIO ladeando o busto da "Elisa" - esse fenómeno único na história da nossa tauromaquia. Fotografia de Edgar Veira

SEMPRE AO SERVIÇO DA CAJAF
JOSÉ HERMÍNIO DESPEDE-SE DE PASTOR DA CORDA


A arriscada e dura vida de pastor da corda exige de quem a exerce (sempre por paixão e nada mais), muita audácia, saúde, boa compleição física e "olho aberto". Geralmente, por todos estes factos, essa nobre missão é praticamente praticada nos melhores anos de vida, ou seja, pelas camadas jovens ou pouco mais. No caso de hoje, o pastor em causa acha que "chegou a hora de dar o lugar aos mais novos" e terá as suas razões que, aliás, respeitamos.
 Trata-se de José Hermínio de Castro Ormonde, de 52 anos, casado, pai de 4 filhos; exerce a profissão de motorista e é natural e residente nas Quatro Ribeiras.
É com este pastor que na hora da despedida vamos falar:
P- Quando e como nasceu a ideia de ser pastor?
R- Quando assistia a touradas e falava com os pastores, principalmente com o Martins, de quem sou muito amigo, e através dele comecei, há 14 anos, na corda de que muito me orgulho.
P- Em que freguesia começou e acabou e se sempre ao serviço de J.A.F.?
R- Comecei no bairro de São Pedro nos Biscoitos e terminei em 13 de Outubro passado na Canada da Vista das Quatro Ribeiras, de onde sou natural. Sempre ao serviço da CAJAF e com muita satisfação o afirmo.
P- Lembra-se do nome dos seus colegas em todos estes anos de pastor?
R- O Martins, o Chico da vila, o Cabral, o José Manuel Andrade, Germano, Paulo Vieira, Carlos Alberto, António Feiteira, Hélder Andrade, Gustavo, Celestino, o Rui da vila Nova, Bruno, Carlos Santos, Pedro, Carlos (de Santa Rita) e de muitos mais que agora não me lembro e alguns já faleceram.
P- Qual o toiro ou toiros mais difíceis de conduzir na corda?
R- Para mim foram os números 263, o 314 (pai da Elisa, do 35 e do 42), o 38 (Elisa), 42, 35, 101, 266, 233, 219 e alguns mais que agora não me lembro. Contudo, a "Elisa", pela sua extraordinária corrida e bravura, foi o máximo.
P- Chegou a provar a chamada "sopa de corno"?
R- Levei alguns toques, dos quais até parti a cabeça de um dedo. Por estes dias, depois de deixar a corda, nas ajudas no mato, fui pegado por um gueixo que me "levou" ao hospital, onde levei 7 pontos.
P- Qual o tipo de toiro que entende ser bom para a corda e/ou praça?
R- Para a corda o tipo de toiro é o das chamadas "vacas da terra". Para a praça são os toiros filhos da raça de vacas do continente. Como se sabe, a CAJAF tem estes 2 tipos e de qualidade.
P- Como aficionado e pastor qual o melhor toiro ou toiros (bravura) que conduziu à corda?
R- Os mesmo que mencionei atrás e muitos mais de grande fama e que são a marca da CAJAF, no passado, no presente e com garantias de futuro.
P- O que considera ser um bom capinha?
R- Saber o que faz, respeitando o toiro, e colaborar com o pastor de frente para que o animal dê o máximo de si ao espectáculo, sem sofrer lesões de ordem física. 
P- Que motivo o levou a deixar a corda?
R- Sinto que devo dar lugar aos mais novos. Contudo, devo dizer que, no mato, estou pronto a ajudar a ganadaria até as forças me faltarem e sempre ao serviço desta maravilhosa família Albino.
P- Há algo mais que queira acrescentar?
R- Quero em primeiro lugar agradecer à Casa Agrícola José Albino Fernandes pela forma amiga como me recebeu durante estes 14 anos e agradecer do fundo do coração à família pela homenagem que me prestaram no passado dia 8 de Dezembro, na sua nova e bela propriedade dos Boins. Agradecimentos, também, a todos os meus colegas da corda e do mato, os quais, com muita honra, acompanhei nestes maravilhosos anos e que tenham tanta sorte como eu tive. Bem hajam!
Homenagem e agradecimento da C.A.J.A.F.Os nossos pastores fazem parte da nossa actividade e têm a nossa amizade sincera; são elementos fundamentais na ganadaria.
Sempre que temos uma tourada, apartamos os toiros, fazemos a ferra, desparasitamos o gado, procedemos ao aparte das crias, levantamos paredes ou preparamos as estruturas para o maneio do gado, contamos com eles; são parte da nossa relação com os terceirenses, fazem-nos acreditar que ter uma ganadaria é possível numa ilha tão pequena e com recursos tão limitados.
É com estes valorosos homens como o Hermínio, que contamos para representar a ganadaria, para não deixar a corda sair do arraial, para embolar os toiros e para permitir que estes bravos toiros tenham faenas inesquecíveis, que permaneçam na memória dos aficionados e sejam referência da nossa tauromaquia terceirense.
A afición do Herminio levou-o de uma brincadeira, ao ir como pastor, à corda na Quarta-feira da festas das Quatro Ribeiras a ser pastor na corda principal da nossa ganadaria.
É um pastor com diversas facetas, desde embolar os toiros até aos transportar, sempre prestável, tirava alguns dias das suas férias para ajudar a tempo inteiro nos trabalhos da ganadaria. Continua a ajudar-nos no mato e a fazer parte dos colaboradores que tornam possível a nossa ganadaria caminhar em frente.
Fátima Albino Ferreira e António da Rocha Ferreira

A CAJAF apresentada pela visão de JRocha

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013 0 comentários



O trabalho que aqui pode-se apreciar é fruto do empenho e aficion que o Sr. José Rocha tem pela tauromaquia, e em particular pela ganadaria Casa Agrícola José Albino Fernandes.
São imagens conseguidas no verão de 2012 e retratam o animal bravo no seu habita até ao espectáculo a que se destina, nesse caso particular a tourada à corda.
Pode-se vislumbrar quase todas as pastagens da ganadaria assim como os animais que nela pastavam na altura, o enjaular dos toiros para uma tourada à corda e algumas imagens do espectáculo taurino, a tourada à corda.


Entrevista de José H. Pimpão a Fátima Albino para o DI

sábado, 26 de janeiro de 2013 0 comentários





25-01-2013

GANADARIA JOSÉ ALBINO ADQUIRIU UM PRÉDIO DE 758 ALQUEIRES

CONSOLIDAR O FUTURO

À custa de muita persistência, trabalho e dedicação, sabendo do risco da arrojada
iniciativa, a prestigiosa ganadaria “Casa Agrícola José Albino Fernandes”, uma das
mais antigas da ilha, propriedade do casal Fátima Albino/ António Ferreira, adquiriu
um prédio, no lugar chamado Boins, de 758 alqueires, para lá pastar uma boa parte
do seu gado bravo. Depois de exemplarmente remodelado, com caminhos de acesso,
um grande pavilhão, novos currais, tanques, parque para estacionamento de viaturas
etc, além de um miradouro, com excelente vista panorâmica, próprio até para visitas
turísticas, esta excelente estrutura foi inaugurada no passado dia 8 de Dezembro, com
a presença de familiares, colaboradores e representantes da numerosa massa amiga e
adepta da Casa Albino.
Mas, para mais detalhes, conversámos com a ganadeira Fátima Albino Ferreira, que
amavelmente nos disse:

P- Com a compra de terrenos há 2 anos, nos Boins, a ganadaria terá melhorado
bastante as condições de trabalho e bem-estar dos animais, etc. Diga-nos qual a
área, que melhoramentos foram feitos nestes 2 anos e tudo o mais que entenda
trazer ao conhecimento da afición.
R- A adquisição do prédio dos Boins, com 758 alqueires, permitiu-nos concretizar um
projecto de longa data, que nos trouxe a consolidação de uma ambição de autonomia da
exploração ganadeira. Facilitou o maneio das vacas da terra, permitindo-nos efectuar
mais lotes e com maior facilidade trocar os sementais, logo uma maior diversidade. Esta
compra fica junto a terrenos que já fazíamos, dando possibilidade a uma propriedade
contínua, com o dobro da área adquirida. Foi necessário fazer investimentos avultados
para podermos apetrechar a exploração de meios necessários. Foram feitos caminhos
que permitiram um maior acesso e melhor controlo dos animais, facilitando o
seu maneio em condições condignas. Construiu-se um pavilhão com dimensões
consideradas, melhorou-se e construiu-se currais, mangas e embarcadouro, tanques,
parque para estacionamento de viaturas e para rolos e um miradouro.

P- Presentemente quantos cabeças de gado bravo possuem e, se possível, separando
o chamado “gado da terra” e o do Continente, desde os recém-nascidos, aos
novilhos, adultos, sementais, etc.
R- A exploração possui aproximadamente 400 cabeças, sendo 46 vacas de lide e dois
sementais, 90 vacas de toiros de corda e seis sementais, toiros corridos para a tourada à
corda 40, restantes animais desde nascença até de 2 e 3 anos.

P- Fale-nos das vacas e sementais que recentemente adquiriu do continente, para a
praça, e de que ganadaria?
R- No verão de 2009 adquirimos 15 novilhas de dois anos ao ganadeiro Carlos Falé
Filipe e um novilho para semental com o nº 23. Em 2010 comprámos mais 12 vacas e o
semental nº 2 e mais 12 novilhas no ano seguinte à mesma ganadaria. Estes animais de
origem Marquês Domecq e Santiago Domecq.

P- Quem cuida de toda esta “máquina”?

R- A gestão e o trabalho de campo diário são efectuados pelo ganadeiro António
Ferreira (meu marido), com excepção dos sábados que tem a ajuda dos pastores e
colaboradores da ganadaria.

P- Qual o melhor toiro, de corda e praça, de 2012?
R- Este ano de 2012 destacaram-se na nossa opinião vários toiros da tourada à corda,
266, 233, 261, 306, 330, 280, 310, 297, 298, 305, sendo o 233 o toiro que deu cinco
cordas com uma regularidade excelente. Entretanto o toiro 305 ganhou o prémio de
bravura na freguesia do Posto Santo, no concurso de ganadarias. Na praça tivemos
quatro toiros de nota alta, destacando-se o 303 e o 292 que veio a ganhar o prémio do
toiro mais bravo no concurso de ganadarias.

P- Diga-nos onde pasta todo este gado, ou passou todo para a v/ nova propriedade?
R- No prédio novo pasta um lote de vacas da terra e os novilhos de dois anos; os
toiros corridos pastam no Pico da Cruz e na Criação Funda; os toiros puros para a
Praça pastam no Tentadeiro de Santo Antão e os toiros puros para a corda no Pico da
Bagacina; o outro lote de vacas da terra pasta no Carvão; o lote de vacas dos toiros para
a Praça no Pasto do Félix; sementais e bezerros de desmame no Tentadeiro de Santo
Antão e novilhas na Criação Funda.

P- Ao dispor para algo mais que queira acrescentar.
R-Vamos entrar na época taurina de 2013 e desejamos que ela decorra com qualidade
e que todos os aficionados possam apreciar bons espectáculos com toiros bravos, que
proporcionem tardes inesquecíveis e que a nossa economia e a nossa sociedade se
desenvolva cada vez mais e com harmonia.

A nossa ganadaria e a nossa casa estão sempre prontas para acarinhar os adeptos
e amantes da Festa Brava Terceirense. Não podemos esquecer que será importante
a vinda de jovens e crianças às touradas e às idas ao mato, porque é neles que está
o futuro, mas também a hipótese de terem um contacto directo com a vida real
experienciando e preparando-se para ela, combatendo a inércia e o mundo de fantasia
que os computadores proporcionam.

Entrevista de J.H.Pimpão

In Diário Insular de 25-01-2013


José Albino Fernandes

terça-feira, 22 de janeiro de 2013 0 comentários




José Albino Fernandes nasceu a 22 de Janeiro de 1925, se fosse vivo fazia 88 anos, no dia em que a Tertúlia faz 47 anos. Faleceu a 20 de Abril de 1994, já lá vão quase 19 anos. Um apaixonado pela Festa Brava de tal maneira que formou a sua ganadaria em Outubro de 1967, e foi cavaleiro amador, mas foi montando o seu cavalo “sopa de leite” que muitos sucessos lhe trouxe e que morreu com 27 anos.
Acompanhou sempre o seu pai José Diniz Fernandes, que foi o primeiro intérprete dos Ingleses e depois dos americanos, teve ganadaria de 1932 a 1944 e de 1956 a Maio de 1967.
 José Albino Fernandes era um lutador ligado à tauromaquia de tal modo que comprou uma praça de toiros desmontável, quando a Terceira não tinha praça e a vendeu antes da actual Praça da Ilha Terceira ter sido inaugurada em 1984. Foi o fundador número um da Tertúlia Tauromáquica Terceirense Tomé Belo de Castro. 
Fez tudo o que foi possível para que a festa Brava perdurasse e nunca venha a desaparecer da nossa Ilha Terceira 

Tauromaquia no programa Em Foco na RTP Açores

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013 0 comentários



A ganadera Fátima Albino foi convidada para participar no programa Em Foco da rtp açores, juntamente com o biólogo João Pedro Barreiros e o presidente da Tertúlia Tauromáquica Terceirense Arlindo Teles.
As questões colocadas pela jornalista Marta Silva foram à cerca da tauromáquica como incontornável na identidade cultural da Terceira, o impacto da tauromaquia na economia local, ganadarias como reservas biológicas e o turismo envolvente.
Podem ver o programa no seguinte link: